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Por que o socialismo não dá certo
Por que o socialismo não dá certo

Autor Bruno Garschagen

Frei Beto é insuperável enquanto pensador de esquerda. No site Correio da Cidadania, Beto retoma a discussão sobre as virtudes do socialismo e coloca como estudo de caso o regime ditatorial cubano.

Dois pontos cruciais do texto que julguei merecerem comentários são: 1) a crença de que o socialismo é mais justo e economicamente realizável; e 2) a ideia de que o socialismo é viável e promove a liberdade. 1) a crença de que o socialismo é mais justo e economicamente realizável.

Já na primeira frase, uma falácia: O socialismo é estruturalmente mais justo que o capitalismo. Porém, em suas experiências reais não soube equacionar a questão da liberdade individual e corporativa. Cercado por nações e pressões capitalistas, o socialismo soviético cometeu o erro de abandonar o projeto originário de democracia proletária, baseado nos sovietes, para perpetuar a maldita herança da estrutura imperial czarista da Rússia, agora eufemisticamente denominada "centralismo democrático". Para ser estruturalmente mais justo que o capitalismo, o socialismo deveria ter outra concepção dos fundamentos econômicos e da melhor forma de se gerir a economia. O problema é que se reformulasse tais fundamentos e certezas deixaria de ser socialismo. Temos, então, um dado concreto. A economia socialista é planificada, ou seja, controlada por um poder centralizado. Somente dessa forma é possível garantir, no plano teórico, a distribuição eficiente a abrangente da renda e a promoção da justiça social. É um mecanismo que pretende extinguir a produção orientada para o lucro e instituir a produção destinada ao consumo, segundo explicou F. Hayek (O Caminho da Servidão, p. 60). A economia planificada, inevitavelmente, exige o controle rígido de todos os processos e agentes econômicos. Essa exigência conduz à opressão e tirania, que não se limita à economia e se espalha para os demais segmentos e atividades da vida em sociedade. No plano moral, há um deslocamento brutal de entendimento sobre o indivíduo que faz os tiranos acreditarem na legitimidade de suas crueldades. Se o indivíduo é um mero consumidor daquilo que o Estado provê, então, é moral e economicamente inferior àqueles que provêm as suas necessidades. O capitalismo, não sendo uma ideologia ou doutrina como o socialismo, tem a vantagem inicial de não estar preso a dogmas, instrumentos exclusivos de funcionamento ou exigência de um controle por parte de um poder, qualquer espécie de poder, centralizado. É interessante notar como a esquerda insere de forma recorrente o capitalismo como sendo o seu antagonista ideológico. O capitalismo é aideológico, e o exemplo da China mostra, até agora, como uma ditadura consegue conviver com o mercado (o fenômeno é novo e as consequências ainda são desconhecidas. Os estudos mais recentes são exercícios de análise e tentativas de interpretação sobre o que virá a seguir). Apesar de não ter ideologia e nem carregar intrinsecamente qualquer marca ideológica, é fato que o capitalismo funciona melhor e atinja resultados e benefícios reais para os indivíduos em sociedades liberal-democratas.

2) a ideia de que o socialismo é viável e promove a liberdade Afirmar que o socialismo é estruturalmente mais justo é um mero jogo de palavras para validar a afirmação seguinte: não deu certo por causa da pressão das nações capitalistas e porque os comunistas russos mantiveram a estrutura imperial czarista em vez de realizar o projeto originário de democracia proletária. Do livro O Estado e a Revolução, do grande democrata Vladimir Ulyanov Lenin, extraio o seguinte trecho: 2. O Estado é "uma força especial de repressão". Esta notável e profunda definição de Engels é de uma absoluta clareza. Dela resulta que essa "força especial de repressão" do proletariado pela burguesia, de milhões de trabalhadores por um punhado de ricos, deve ser substituída por uma "força especial de repressão" da burguesia pelo proletariado (a ditadura do proletariado). É nisso que consiste a "abolição do Estado como Estado". É nisso que consiste o "ato" de posse dos meios de produção em nome da sociedade. Conseqüentemente, essa substituição de uma "força especial" (a da burguesia) por outra "força especial" (a do proletariado) não pode eqüivaler para aquela a um "definhamento". Lenin, arquiteto intelectual da Revolução Russa, afirma que o proletariado deve se converter numa força especial de repressão e transformar o estado num instrumento da ditadura do proletariado. Se há ditadura, não há democracia, muito menos liberdade. Se o estado socialista se torna o instrumento de uma ditadura irá impedir que os indivíduos ajam de acordo com o que julgarem adequado para as suas vidas. O estado socialista pode limitar as liberdades, expropriar os bens e rendimentos e obrigar a sociedade viver de acordo com regras abstratas de cerceamento. Tal consequência foi presenciada pelo outrora entusiasmado socialista americano W. H. Chamberlin, que depois de 12 anos trabalhando na Rússia como jornalista-correspondente expressou assim seu desencanto: "o socialismo sem dúvida não será, ao menos no começo, o caminho da liberdade, mas o da ditadura e das contra ditaduras, da mais violenta guerra civil. O socialismo alcançado e mantido por meios democráticos parece pertencer definitivamente ao mundo das utopias" (O Caminho da Servidão, de F. Hayek, p. 54.) Repetir ou defender qualquer uma dessas falácias é apenas a manifestação de ignorância econômica e política, além de uma certeza absolutamente obscena de que um poder centralizado sabe o que é melhor para cada um de nós e, por isso, funciona melhor do que qualquer outro sistema.